“ [...] E respondo: porque o sangue é uno: um lago de sangue repartido por nós, pelas nossas vidas separadas, mas que por natureza cabe estar junto: emprestado e não dado; possuído em comum, entregue à nossa tutela para que o estimemos: parecendo viver em nós, mas parecendo apenas, pois na verdade somos nós que vivemos nele.
Um mar de sangue, de novo reunido: será assim o fim dos tempos? O sangue de todos: um lago Baical, vermelho-negro, sob céus siberianos de um azul gelado, as margens brancas de neve bahnadas de sangue, viscoso, lento. O sangue da humanidade, a si mesmo devolvido. Um corpo de sangue. Da humanidade inteira? [...]
J. M. Coetzee, em "a Idade do Ferro"
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